Intersecções

Jobs em uma apresentação no ano de 2010
Steve Jobs (1955 - 2011) usava esta imagem em suas palestras para falar de algo em que acreditava muito, a intersecção entre as diferentes áreas. Principalmente as artes e a tecnologia.

Indo na contra mão dessa cultura de encaixotar nossa vida e intelecto em uma única função ou especialidade, Jobs transitava entre diversas áreas do conhecimento. Tinha um quê de engenheiro, mas frequentava aulas de caligrafia. Assistia aulas de física,  porém se via como um artista. 


Não é assombroso pensar que na era do acesso a informação e do autodidatismo ainda estejamos atrelados a uma educação completamente industrial? Cada pessoa sai com uma função previamente estabelecida e deve exercê-la até o fim de sua vida. Se fez "humanas" não pode fazer contas e se fez "exatas" não pode ir vender artesanato. Por quê?


Obviamente não da para ser especialista em tudo, e a divisão do conhecimento em áreas possui seus propósitos (só não me pergunte quais). Cientistas muitas vezes dedicam a vida toda ao mesmo assunto e muitos deles não chegam a inovar ou descobrir nada revolucionário. Ainda assim as intersecções se fazem necessárias. Os experimentais precisam dos teóricos e vice-versa. O conhecimento precisa ser compartilhado por meio de eventos e congressos. As diferentes áreas precisam se conversar. Conhecimentos de Física e Matemática podem ser aplicados a Bilogia ou ao mercado financeiro e programadores podem modelar sistemas físicos. Fora o mercado da tecnologia que engloba profissionais de todas as áreas. Novamente, intersecção.


Intersecção essa que muitas vezes não ocorre entre a universidade e a sociedade, onde essa noção de "caixinha" só é reafirmada. O conhecimento é produzido mas não é levado para a sociedade, pois os acadêmicos estão muito ocupados, até que o governo mexe em seus bolsos e a sociedade não reclama pois ela não sabe que absolutamente nada do que acontece dentro de uma faculdade. Certos vampiros presidentes estão ai para comprovar isso.


Talvez a falta de intersecção universidade-sociedade faça sentido em uma cultura que manda um jovem de 17 anos decidir sua vida toda através de uma prova no final do ano. Mal sabe ele que ao findar a faculdade terá que fazer outra escolha "definidora".  Mas talvez ele não deva escolher nada, talvez essa pessoa possa deixar de lado seu diploma e se tornar cineasta, por que não? As contribuições que uma formação acadêmica pode acrescentar na vida do indíviduo vão muito além de exercer ou não a profissão. James Cameron e seu bacharel em física estão ai para provar  ¯\_(ツ)_/¯




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