No templo da ciência...

Segue um texto retirado do livro "Zen e a arte da manutenção de motocicletas" (Robert M. Pirsig,1975).

Albert Einstein
O  texto é parte de um discurso feito em 1918 por um jovem cientista alemão de nome Albert Einstein, conhecem?

Segundo minhas pesquisas o discurso foi feito por ocasião do sexagésimo aniversário de Max Planck. A versão que encontrei do texto no livro "Como vejo o mundo" do próprio Einstein é levemente diferente e inclui menções a outros físicos. Deixo aqui porém a versão que o texto me foi apresentado:

"No templo da ciência há muitas moradas... E em verdade muitos são os que as habitam, assim como são variados os motivos que os levaram até lá. Muitos se voltam para a ciência pela agradável sensação de 
terem uma capacidade intelectual superior; a ciência é seu divertimento especial, ao qual se dedicam para viver experiências intensas e satisfazer sua ambição. Outros habitantes do templo oferecem o fruto do seu raciocínio neste altar por motivos unicamente utilitários. Se um anjo do Senhor viesse expulsar todos os que pertencem a estas duas categorias, o templo ficaria consideravelmente mais vazio, embora ainda restassem alguns homens, tanto do presente quanto do passado... Se os tipos que acabamos de expulsar fossem 
os únicos existentes, o templo nem sequer teria existido, da mesma forma como não pode existir um bosque constituído apenas de trepadeiras... Aqueles que gozam das boas graças do anjo... são tipos um tanto estranhos, calados, solitários, na verdade menos parecidos uns com os outros do que os anfitriões dos rejeitados.
O que os trouxe para o templo foi... não se pode responder facilmente... a fuga do cotidiano, da sua dolorosa rudeza e irremediável monotonia, fuga dos grilhões dos desejos inconstantes. As personalidades delicadamente constituídas anseiam por escapar do ambiente apertado e barulhento em que se encontram, refugiando-se no silêncio das altas montanhas, onde a vista corre livremente através do ar ainda puro e alegremente acompanha os tranquilizadores contornos aparentemente eternos.
O estado de espírito que permite a um homem fazer este tipo de trabalho é semelhante ao do fiel em oração ou ao do amante enamorado. A atividade diária provém não de uma intenção ou plano deliberado, mas diretamente do coração."