Se você fizer uma rápida pesquisa nas inter webs da vida pela palavra tabu provavelmente vai se deparar com alguma notícia relacionada ao futebol. Até ai nenhum problema, o pessoal do esporte adora essa palavra. E não se preocupe, se o seu time enfrenta o tabu de não vencer determinado time faz 237 anos, uma hora isso vai cair. O meu enfrentava o tabu de não ser campeão brasileiro há 22 anos e o tabu caiu, ou seja, paciência ¯\_(ツ)_/¯
O problema são os tabus fora dos esportes, nem sempre a paciência será o suficiente para derrubá-los, pois pela própria definição de tabu eles são proibidos de serem discutidos... E ai meu amigo, sem discussão fica difícil. Sabe aquela velha história: religião, política e futebol não se discute? Besteira. Escolha de time não se discute, esquema tático, sim. Fé não se discute, papel da religião na vida das pessoas, sim. Preferência política não se discute, corrupção e planos de governo, sim. Tudo é passível de discussão.
Discutir não significa brigar, fonte da imagem aqui |
Mas como tudo neste 2017 parece regredir, eis que vejo uma reportagem dizendo que o MEC decidiu retirar das escolas o livro “Enquanto o sono não vem” de José Mauro Brant, devido ao conto "A triste história de Eredegalda".
De forma resumida: Um rei pede a filha que se case com ele ou ela morrerá, a filha prontamente recusa e é trancafiada (O livro se baseia em vários contros populares do folclore brasileiro).
Trecho do conto (Retirado do G1) |
Em parecer oficial (linkado ao final do texto), o MEC diz que o tema não é adequado para crianças desta idade e diz também que todo o programa está sendo revisto.
Que o governo está reformulando tudo, Concordando ou não, nós sabemos. Mas duas coisas me intrigam:
- Não discutir um assunto tão comum na realidade de muitas crianças brasileiras: A violência doméstica
- Querer passar um pano no programa de seleção de livros
Para os mais conservadores é um absurdo crianças terem contato com este tipo de assunto, mas para eles deve ser perfeitamente normal elas verem o pai bêbado batendo na pai e não terem a menor ideia do que fazer. Em vez de proibir e recolher o livro para agradar falsos moralistas, não seria melhor orientar nossos professores para trazer uma discussão proveitosa para sala de aula e eventualmente orientar crianças que passam por problemas similares?
E sobre o segundo ponto: Parece uma birra para desfazer ações de governos anteriores (com um PUTA viez ideológico).
É realmente necessário? É esse o problema do país? Como confiar assuntos que envolvem moralidade a um bando de corruptos? Nosso ministro da educação foi citado lá em 2009 em uma operação da polícia federal, culpado ou não, devemos ficar de olho.
E nesses tempos de tabu e falta de discussões, poucas coisas nos abrem os olhos, mas tenha certeza de que o pensamento científico é uma delas. Pensar em ciência é muito mais do que equações e contas, é liberdade. Portanto, vamos nos libertar de tabus na sociedade e mantê-los no esporte, pois uma hora eles caem.
Referências
Artigo que inspirou o texto
http://veja.abril.com.br/educacao/livro-recolhido-pelo-mec-nao-e-apologia-do-incesto-e-seu-oposto/
Parecer oficial do MEC sobre o assunto
http://portal.mec.gov.br/busca-geral/211-noticias/218175739/50011-mec-recolhe-das-escolas-o-livro-enquanto-o-sono-nao-vem
Notícia sobre o caso no G1 (vejam como o título cretino)
http://g1.globo.com/espirito-santo/educacao/noticia/livro-infantil-cita-casamento-entre-pai-e-filha-e-prefeitura-de-vitoria-diz-que-vai-retirar-obras-das-escolas.ghtml